que estava numa festa a noite num sítio friomúsica, bebidas e caras
eu e minha amiga
tava sem graça
preferi a mesa de sinuca
-todos falaram que sou muito brava
-sério, eu já tinha essa fama por aqui também - completa minha amiga.
cansamos
ela sumiu
e eu encontrei uma cama vazia
dormi
um cara me acordou
-quem é essa pessoa aqui?!
-pô amigo, você me acordou para saber quem sou eu? me deixa durmir...
-mas você tá com frio! tá tremendo...
-mas blá blábláá blááá
-meu que horas são? 3:50... e você ainda tá falando...
o cara se foi
4:50 o cara voltou, acendeu a luz, rolava uma zoninha de quarto de viagem
-vê se eu tô errado? - o cara perguntou pro cara do lado
-nãooo... realmente você num tá errado.
-vê, eu não tô sonhando- insiste o cara em me acordar
-de novo você!
-acorda, não fica aí, você tá com frio, vamo lá fora conversar
-acorda...
-meu posso ficar aqui dormindo? ou eu tô na sua cama, se for isso eu saio, eu não posso ficar aqui?
-não, essa não é minha cama, aliás minha cama tem coberta, quer?
-vamo lá fora então... conversar
nesse momento parece que ele solta a fumaça de cigarro dentro do quarto! sente o grau da bebisse alheia!
-colega... eu quero dormir po***!
o cara se vai
4:50
o cara retorna
-então vou ficar aqui com você- ousa se deitar!!!
e isso resulta em mudança de planos: melhor durmir naquele sofá gélido da sala de porta aberta do sítio frio
durante a mudança dá pra ouvir uma galera xingando o insensível nada acolhedor nem cavalheiro
5:30
o cara senta-se na cadeira em frente ao sofá gélido da sala de porta aberta do sítio frio no qual estou, resistindo e suportando toda a sorte de desconforto físico e sonoro
-volta lá, todo mundo me xingou por eu te incomodar(incomodadinha é?).. juro que paro de te encher o saco
-sério, é que talvez pudesse assim por acidente inconveniente e por deveras cansativo se sem explicar nem entender ouvir dizer e quem saber, ou então na dúvida da realidade ou na falsa liberdade dos pirilampos ou ainda na profundidade de um gole...
-sério, fica lá, aqui tá muito frio, eu paro de te encher
-zzz...
-eu só fiquei me sentindo bêba.. ops, culpado demais por ter te expulsado e pensar num poodle azul debaixo da escada rolante não me passa a real idéia da grandiosidade de um possivel ataque de bolha de sabão na obscuridade de uma estrada sem volante pra direcionar o caminho...
-tá, eu só queria que pelo menos você voltasse pra lá que está menos frio que aqui
-cara eu não vou voltar! não vou não quero e não vou
-abre o olho
-volta lá pro seu lugar vai e me deixa aqui durmindo
- que mina chata, você é muita chata, nem abre o olho pra falar comigo, mina difícil, você vem pra cá e fica aí..
-não sou nada difícil, tô sendo clara, vai lá! eu sei o que não quero e eu não vou voltar, desencana, já foi.
...
zonas na sala de porta aberta do sítio frio
um cara que parece não desistir nunca
estudante de engenharia
dessas públicas que transformam seus estudantes em personalidades arrogantes e prepotentes
(parecem mais fábricas irresponsáveis de salto alto)
parecia impossível, mas a hora dele voltar pra zona do quartinho de viagem chegou.
e quando eu acordei, resolvi tirar a bota e colocar um tênis, prender o cabelo e retocar o esmalte.
voltar para são paulo.
e lembrar que não foi um sonho.
meus textos são cheio de contradição